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Negociando com o mercado americano 

Negociando com o mercado argentino

Personalizar o produto e oferecer uma melhor customer experience devem ser pontos chave para se abrir novos mercados.

Escolher qual melhor mercado exterior para introduzir seu produto com sucesso é uma pergunta simples, mas que demanda buscas bem mais profundas. Em nossa serie, falaremos sobre os principais mercados parceiros do Brasil, e te ajudaremos na sua pesquisa e seleção, por meio de dados e experiências, te permitindo mapear vantagens, dificuldades e características de cada mercado. Nosso post de hoje é sobre o mercado Argentino.

6 informações para uma melhor negociação com o mercado americano

6 informações para uma melhor negociação com o mercado argentino

1. Dados gerais do país

Apesar de apresentar um mercado muito menor que Estados Unidos ou China, a proximidade com a Argentina a coloca como top 3 das exportações e importações do Brasil.

Com uma população de 45 milhões de habitantes, e um PIB de aproximadamente USD 642 bi, o mercado argentino tem aproximadamente as mesmas dimensões do Estado de São Paulo.

Em recentes anos, porém, os indicadores de PIB per capita dos Hermanos tem sido maior que o nosso. Para o ano de 2017 segundo estimativas do FMI, o PIB per capita argentino foi de USD 14.591 enquanto o brasileiro foi de USD 9.880.

Apesar das constantes crises que passa o país, seu rendimento per capita é quase 1,5 vezes maior que o nosso, num mercado com pouca industrialização.

Ainda que o território de 2,79 milhões de km² possa nos indicar certas dificuldades logísticas, a província de Buenos Aires abriga quase metade da população, e quase todos os centros de distribuição do país.

Em geral a América do Sul é pouco integrada nas cadeias globais de valor, e em geral importam e exportam menos. É conveniente, então, que comparemos os números com o brasileiro.

Vamos colocar em perspectiva o tamanho destas oportunidades: traçando uma linha reta de São Paulo a Xangai, encontramos a distância de 18.553 Km, para Nova York: 7.681 Km, a distância para Buenos Aires: 2.231 Km.

Pensando em tudo isso, selecionamos alguns pontos fundamentais para aproveitar da melhor forma as oportunidades que a Argentina pode propiciar e a quais dificuldades devem ser conhecidas.

No próximo tópico traremos informações da balança comercial entre Brasil e a Argentina para te ajudar a entender quais os principais segmentos em que o mercado argentino é dominante.

Fonte: https://portugues.doingbusiness.org/

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2. Balança comercial com o Brasil 

A balança comercial entre Brasil e Argentina vai nos certificar da dimensão não só da economia argentina, mas da importância do país como parceiro do Brasil.

Para demonstrar, retiramos dados da plataforma do MDIC Comex Vis, uma plataforma bem visual do governo.

Em breve adicionaremos no blog explicações das principais ferramentas de dados do governo e como usá-las.

Das exportações brasileiras, que somaram 225 bilhões de dólares em 2019, tiveram como destino a Argentina 9,79 bilhões de dólares, o gráfico abaixo mostra a parcela chinesa nas exportações:

Exportações para o mercado argentino
Fonte: ComexVis

A representatividade argentina foi ainda maior nas importações, onde os argentinos foram nosso terceiro maior parceiro. Dos USD 177 bilhões importados em 2019, vieram da Argentina USD 10,55 bilhões. O gráfico abaixo representa essa proporção:

Importações do mercado argentino
Fonte: ComexVis

Numa análise geral, o Brasil teve déficit de 0,76 bilhões de reais com a Argentina no ano de 2019, o que quer dizer que importamos mais do que exportamos.

Porém, essa cifra não é tão significativa, em anos recentes as cifras tendem a se equalizar.

Visto o volume do mercado, é hora de descobrir quais as oportunidades o mercado argentino traz.

A próxima questão, portanto, é analisar quais os principais setores que negociam com o mercado argentino.

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3. Principais produtos e nichos do mercado argentino

Agora já sabemos as dimensões do mercado chinês, e averiguamos qual a relevância deste mercado nos negócios brasileiros, tanto na importação quanto na exportação.

É neste momento em que a pesquisa se estreita e dados mais diretos devem ser analisados. Utilizaremos a plataforma Comexstat do Mdic para nos guiar nesta pesquisa.

Para conseguirmos uma análise mais geral, utilizaremos o filtro do SH4, ou os quatro primeiros dígitos da NCM. Porém, se quiser consultar algum produto específico, dados com mais detalhes podem ser extraídos.

Exportações para o mercado argentino

Na tabela abaixo temos os principais SH4 exportados para a Argentina:

Principais produtos exportados para o mercado argentino (SH6)
Principais produtos por SH6 exportador para o mercado argentino. Fonte: ComexStat

As 10 primeiras SH4 representam 44% de tudo o que foi exportado para a Argentina em 2019. Dos produtos acima percebemos um grau elevado de produtos manufaturados, como automóveis, tratores e cabos.

Isso indica que dos mercados apresentados até agora, o argentino é o mais aberto a produtos manufaturados do Brasil, ainda que também importe em menor quantidade commodities.

 

Importações do mercado argentino

Na tabela abaixo verificaremos os principais SH4 importados da Argentina:

Principais produtos importados da argentina
Principais produtos por SH6 exportador para o mercado argentino. Fonte: ComexStat

O que podemos ver é que há uma variação significativa de commodities como malte, trigo e cevada, até produtos bastante industrializados, como veículos, motores e suas partes. Os 10 primeiros SH4 representam 60% do total de tudo que foi importado da Argentina.

Percebemos grande dominância do segmento automobilístico tanto nas importações como nas exportações.

Para trabalhar exportações, principalmente de produtos industrializados, a Argentina apresenta melhores condições que Estados Unidos ou China.

Veremos mais a frente os benefícios dos acordos do Mercosul nas tarifas de importação no mercado argentinos. Somados à vantagem logística e o menor distanciamento cultural, fazem dos hermanos ótimos compradores.

Para as importações, vemos que além do segmento automobilístico, tratamos, sobretudo de matéria-prima.

Assim, se o planejamento estratégico da sua companhia passa por alguma das condicionantes acima, Argentina certamente estará dentre os mercados alvo.

Além disso, uma breve pesquisa utilizando como filtro HS6 de itens chave da sua atividade produtiva são um ótimo ponto para começar sua pesquisa.

.4. Tarifas na importação no mercado argentino

Um ponto relevante que deve ser considerado em inversões em qualquer país, seja para comprar ou vender, é o impacto dos impostos e taxas no preço final do produto.

Aqui no blog, dedicamos um post inteiro aos impostos na importação no Brasil, então confira lá!

Porém, em especial no caso de produtos do Mercosul, existe a possibilidade de um acordo de redução ou isenção do Imposto de Importação.

Mas então, onde consultar a incidência de acordos especiais?

O governo oferece uma base de dados, que permite ao importador pesquisar pela NCM se existe para o produto algum acordo.

 

Tarifas na importação

Cada país segue uma doutrina diferente sobre a aplicação da alíquota de impostos sobre os produtos.

E o aspecto burocrático, assim como no Brasil é a maior dificuldade para entrar no mercado.

De encontro com essa informação, o relatório doing business do Banco Mundial ranqueou a Argentina na posição 126 dentre 190 países como melhor país para fazer negócios, duas posições abaixo do Brasil.

A América Latina em geral performa mal neste ranking, sem nenhum representante no top 50.

Dessa forma, tentaremos simplificar a esquematização dos tributos.

São quatro impostos principais calculados sobre o valor de produtos importados: o Imposto de importação, a taxa de estatística, Imposto de Valor Agregado e impostos internos.

II

Produtos cuja origem seja o Mercosul estão isentas de Imposto de Importação na Argentina. Com a exceção de produtos incluídos no regime tributário do açúcar.

 

Taxa estatística

A taxa de estatística assim como o II é isenta para produtos do Mercosul. Essa taxa pode chegar a USD 500 dólares para produtos de outros países.

 

IVA

Enquanto que a alíquota geral do Imposto de Valor Agregado (IVA) é de 21%. Havendo exceção de 10,5% para produtos incluídos nas leis: 23.349, 24.468, 24.631 e 24.958. Decreto 692/98 e modificações.

Dentre estes produtos estão: animais vivos de espécie bovina, carnes, frescos, hortaliças, mel, couro bovino, jornais, propano, fertilizantes, entre outros.

 

Impostos internos

Por fim, os impostos internos são calculados de acordo com o tipo de produto. A alíquota geral é de 1,5%, mas na Cidade Autônoma de Buenos Aires, maior polo do país, essa alíquota é de 2,25%.

A Base de cálculo é a seguinte:

Impostos entrada de produtos importados Argentina

VA: valor aduaneiro

II: Imposto de Importação

Est: taxa de estatística

TE: taxa efetiva

Como vemos, o cálculo dos impostos segue a mesma ordem de complexidade do Brasil.

A melhor forma de verificarmos isso, é com dados e comparações.

 

4.1 O relatório Doing Business – negociando com a Argentina

Anualmente o Banco Mundial publica um relatório mundial e um ranking, o doing business. Esse relatório avalia 12 indicadores, como facilidade para começar um negócio, pagar impostos, conseguir créditos, entre outros.

A Argentina figura na 119ª posição:

Fonte: Doing Business ranking

Para o indicador “trading across borders”, a Argentina está na 119ª posição, com um score de 67,1/100. Uma melhora de 1.5 pontos em comparação com 2018, se aproximando do Brasil com 69,6

Desta maneira, uma boa relação com o importador e parceiros intermediários é mais que bem vinda.

Agora que já conhecemos um pouco mais sobre as práticas tarifárias e onde encontrar informações de segmentos, é o momento de trazer um tópico muito relevante, a cultura de negociações dos argentinos.

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5. Cultura de negociações no mercado argentino

Mais do que nunca, a cultura de negociações serve como oportunidade.

Conforme havíamos comentado nos posts anteriores, nossas tabelas de aspectos culturais são divididas por regiões. Assim, a América Latina é compreendida como uma destas macrorregiões. Abaixo características de negociação:

 

América Latina
Propostas iniciais x acordo finalExigências iniciais moderadas
Apresentação de questõesUma a uma
ApresentaçõesInformais
Tratamento de divergênciasArgumentativo
ConcessõesLentas

De maneira geral, somos muito similares aos argentinos, tanto nos processos extremamente burocráticos quanto na forma como negociamos.

Por consequência, eles não só criam situações cotidianas mas também se comunicam de maneira semelhante à nossa.

Aqui, portanto, vai um conselho bastante clichê. Tenha um time que se comunique bem em espanhol. Sempre me lembro daquela famosa frase Nelson Mandela ao falar de línguas:

“Se você falar com um homem em uma linguagem que ele compreenda, isso só vai entrar na cabeça. Se você falar com ele na sua língua, vai direto para o coração. “

Nesse mesmo ínterim, me lembro de uma ocasião, onde eu precisava de informações técnicas de um produto para um importador do Brasil.

Buscando entender melhor o produto, liguei então para o fornecedor argentino. Ele, habituado a negociar com brasileiros, tinha um português impecável.

Não só recebi as informações que necessitava, mas também passei a confiar muito mais no fornecedor durante o processo.

Assim cumprir com as condições acordadas, evidentemente geram essa confiança e melhores negociações. Mas se comunicar fugindo do quase irresistível portunhol é uma competência admirável e ainda hoje um diferencial.

.6. O “peso” da moeda argentina

O dólar é sempre a grande regra das operações internacionais. A estabilidade e força da moeda garantem a quem vende, o justo valor dos produtos.

Ainda mais no caso argentino onde, diferentemente do Brasil ou da China, a instabilidade do peso força os rio-platenses a fixar uma parte da economia doméstica no dólar.

Isso faz com que o impacto da desvalorização do peso seja minimamente mais sutil.

A desvalorização do real deve ser levada em consideração também. O real contra o peso argentino, hoje, tem uma relação muito próxima do que era há mais de um ano.

Isso quer dizer que exportações para o país vizinho que já não vinham sendo tão interessantes antes da pandemia, passam a se tornar relativamente mais competitivas.

Lembrando que a Argentina é o país que tem o maior percentual de importação de produtos manufaturados.

É certo afirmar também, que quando se procura matéria-prima, como trigo, malte e gás, os fornecedores argentinos aparecem entre os melhores.

Conheça mais sobre outros mercados

Em conclusão, cada mercado apresenta suas especificidades, e conhecer suas características leva tempo. Porém, esse conhecimento é vital para boas relações, afinal a colaboração é um bem intangível, mas fundamental para fazer as operações funcionarem.

Descobrimos, assim, que o mercado dos nossos vizinhos é extremamente rentável e variado para exportações, destacados produtos manufaturados, a medida que o cenário para importações é o oposto.

Agora que já sabe um pouco mais sobre o mercado chinês sua análise sobre qual será seu próximo mercado-alvo fica mais assertiva.

Nessa série de posts você também encontrará informações de outros grandes parceiros do Brasil que podem te ajudar ainda mais. Confira informações de Estados Unidos, China e União Europeia nos próximos posts.

Questione, aja e conquiste.

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