Viabilização da Importação de pequenas quantidades

Viabilização da Importação de pequenas quantidades

Uma das maiores dúvidas que recebemos no dia a dia é se é possível trazer quantidades menores do que a que cabe em um container. Muitos importadores já consolidados e principalmente os novos que estão começando nesse universo da importação, acabam sendo direcionados para uma logística marítima FCL que significa a contratação de um container inteiro.

Para que você tenha uma ideia, o menor contêiner que é de 20 pés consegue carregar até 32 m3 (mas é sempre importante considerar as perdas internas de espaço entre os volumes) e 20 tons. Em alguns casos especiais até 25 tons, pagando uma taxa sobre o peso extra e usando um container com piso reforçado.

Nesse cenário, o importador é levado a imaginar que trazendo mais quantidade estará literalmente fazendo um negócio da China. Mas a pergunta é: será mesmo que esse é o melhor embarque?

E como se responde o que é um melhor embarque para certo importador? Será que existe uma única resposta para essa pergunta?

Seria possível trazer quantidades menores? Se sim, de que forma? O que muda? Quais são os riscos?

Esse post foi criado justamente para abrir a cabeça do importador para um universo de oportunidades, quando aplicamos um planejamento logístico e financeiro, zelando pelo bom fluxo da importação, ao mesmo tempo que trabalha melhor o fluxo de caixa da empresa.

Vamos começar pelas definições e diferenças entre os modais marítimos LCL (menos de um contêiner – carga fracionada) e o FCL (carga fechada).

Cenário de compra no mercado interno

Em primeiro lugar, temos que destacar que o importador não deve menosprezar a sua demanda atual e muito menos superestimá-la quando trazemos para o campo da importação. O Brasil tem um mercado interno muito grande e o mundo está de olho nele. Há muitas empresas estrangeiras que querem fazer negócio com o Brasil. Só não encontraram ainda o parceiro ideal.

Com isso, queremos dizer que não devemos subestimar ou superestimar a demanda atual. O que estimulamos é a projeção de cenários de custo com certa redução com a importação direta e o compartilhamento dessa informação com os potenciais fornecedores no exterior, na busca de melhores condições de negócio.

Em muitos casos, a demanda atual não oferece um poder de barganha para compras no mercado interno, mas isso não necessariamente acontece com o mercado externo. Exemplo disso é a importação de rolamentos e parafusos.

Por outro lado, uma demanda tida como alta no mercado interno, pode representar muito pouco lá no exterior. O exemplo típico é a chapa de aço. Quando pegamos a demanda atual da maioria dos projetos, muito deles não atingem a demanda mínima junto às siderurgias que atendem o mundo todo. 

Diferença entre carga LCL e FCL

Para que possamos responder a pergunta se é viável a importação de lotes menores, temos que passar pelas definições da modal marítimo FCL e LCL.

Marítimo FCL (container fechado)

Conceito: Embarque de mercadorias em contêiner fechado (exclusivo) com cargas de um único importador. O transporte principal é aquele realizado entre o porto de origem e porto de destino.

Carga: Embarques Marítimos Full Contêiner são configurados por mercadorias com baixo ou alto valor agregado e alto peso bruto e volume.

Transit Time: China aproximadamente 60 a 75 dias de Transit Time total (da produção no exportador à entrega no local do importador). Tempo de viagem entre portos de aproximadamente 30 a 40 dias.

Marítimo LCL (less than container load)

Conceito: Embarque de mercadorias em um contêiner compartilhado entre vários importadores. Ocorre quando a quantidade não é suficiente para fechar um contêiner exclusivo. O transporte principal é aquele realizado entre o porto de origem e porto de destino.

Carga: Embarques marítimos fracionados são configurados por mercadorias com baixo ou alto valor agregado e que não possuem volume que justifique embarques pelo modal aéreo ou Marítimo Full Contêiner.

Transit Time: China aproximadamente 75 a 90 dias de Transit Time total (da produção no exportador à entrega no local do importador). Tempo de viagem entre portos de aproximadamente 30 a 40 dias.

Vantagens e Desvantagens

Se pensarmos em termos de vantagens e desvantagens de cada um desses modais, mesmo sendo ambos marítimos, podemos destacar:

Carga LCL – fracionada

Vantagens

  • Menor quantidade embarcada;
  • Menor financeiro demandado;
  • Possível menor tempo de produção por parte do fornecedor por ser lotes menores;
  • Maior frequência de importações – menor distância de tempo entre os embarques.

Desvantagens

  • Menor segurança da carga – embarque com mercadoria de outros importadores;
  • Maior movimentação da carga – necessidade de enviar para carregamento no contêiner no porto de origem e descarregamento do contêiner no porto de destino;
  • Maior tempo de processo por ter carregamento e descarregamento nos portos;
  • Possível maior custo em determinados casos, quando o valor embarcado for muito baixo (algo inferior a US$ 5.000,00 em valor EXW/FOB);
  • Maior custo com armazenagem, apesar de ter muitas vezes um menor valor de mercadoria comparado ao embarque FCL.

Carga FCL – contêiner fechado 

Vantagens

  • Maior quantidade embarcada;
  • Maior segurança da carga – mercadoria carregada no exportador e descarregada no importador, com raras exceções quando a Receita Federal pedi a desova (descarregamento) da mercadoria para conferência física no momento do desembaraço aduaneiro;
  • Maior frequência de saídas de navios;
  • Menor custo com armazenagem, quando liberada no primeiro período (10 a 15 dias da chegada no Brasil).

Desvantagens

  • Maior financeiro demandado;
  • Possível maior tempo de produção por ser lotes maiores;
  • Maior custo com transporte rodoviário na origem e destino. Esses são os transportes secundários para coleta do contêiner na fábrica do exportador e para entrega no local do importador, depois de desembaraçado;
  • Por vezes traz a necessidade de equipamento específicos para realizar o descarregamento do contêiner, como paleteiras e empilhadeiras.

Outro conceito importante é saber quais fatores devem ser levados em consideração no momento da escolha do modal de transporte. Esse ponto está sendo bordado abaixo.

Principais fatores para a escolha do modal de transporte

A definição do modal de transporte deve ser feito a partir do momento em que a empresa decide exportar ou importar um produto. Isso afeta tanto o design dos materiais de embalagem quanto os termos de entrega que serão acordados no contrato de venda, entre outras coisas.

Além dos custos específicos de qualquer operação logística, os principais elementos que devem ser considerados são:

  • Urgência;
  • Tipo de carga;
  • Valor agregado da carga;
  • Peso e volume da carga;
  • Segurança e agilidade;
  • Origem e destino (restrições logísticas);
  • Tratamento administrativo – forma de liberação dos na Receita Federal e demais órgãos como MAPA e Anvisa;
  • Custo do frete e demais taxas.

Nesse sentido, um embarque de peças brutas deve ter um tratamento diferente do de uma máquina, levando em o tipo e valor agregado diferentes.

Estrutura de custos

A estrutura de custos de ambos modais é bem parecida, ainda mais quando comparado ao modal aéreo e rodoviário. Podemos dividir a estrutura de custo desses modais da seguinte maneira:

  1. Custos na origem
  2. Custos internacionais – frete e seguro internacional
  3. Custos no destino

Custos na origem

Na origem temos todos os custos de coletar a mercadoria no exportador e levar até o porto de origem para realização da liberação aduaneira. Os principais custos são:

  • Transporte rodoviário – Inland;
  • Despacho aduaneiro – broker fee;
  • Manuseio da carga no porto – handling;
  • Outras taxas de embarque – shipment fees;
  • Embalagem de transporte – packaging;
  • Emissão de documentos – Doc Fee.

Custos internacionais

Os custos internacionais são aqueles que ocorrem entre o porto de origem e o porto de destino. Sendo assim, teremos:

  • Frete internacional;
  • Seguro internacional.

Custos no destino

No destino temos basicamente os mesmos custos da origem com a adição dos impostos incidentes na importação. Sendo assim, podemos listar os principais custos sendo:

  • Transporte rodoviário;
  • Despacho aduaneiro;
  • Manuseio da carga no porto – Capatazias;
  • Outras taxas de embarque;
  • Taxa Siscomex – Sistema da Receita Federal;
  • AFRMM – Marinha Mercante (25% do frete internacional e capatazias);
  • Armazenagem;
  • Impostos incidentes na importação: II, IPI, PIS, COFINS e ICMS.

Diferenças nos custos entre o LCL e FCL

As maiores diferenças entre os modais marítimo LCL e marítimo FCL são:

  1. Frete internacional
    1. FCL – paga-se por um contêiner fechado. Assim, o valor é fixo, ou seja, não irá variar com a quantidade embarcada. O importador pode aproveitar 100% do espaço ou apenas uma parte que irá pagar o mesmo valor;
    2. LCL – paga-se por tonelada ou cubagem (medidas dos volumes), o que for maior. Assim, o custo é variável, ou seja, quanto maior e mais pesado, terá um custo maior com frete.
  2. Frete rodoviário
    1. FCL – o custo do frete rodoviário, tanto na origem quanto no destino é fixo. Assim como no frete internacional, o rodoviário também é um custo fixo. E no Brasil acaba sendo um valor muito alto movimentar cargas em contêiner, pois demandam equipamentos especiais que fixam o contêiner no caminhão;
    2. LCL – o custo do rodoviário é variável, ou seja, irá variar de acordo com o peso e volume. Nesse caso, o importador poderá se aproveitar de fretes retornos ou até mesmo da frota própria para fazer a coleta da mercadoria após liberação no porto de destino.
  3. Armazenagem
    1. FCL – em um primeiro momento a armazenagem de um embarque FCL é menor que o do LCL, por ter menos movimentação da carga. Não há necessariamente o descarregamento da carga do contêiner no armazém, o que gera menos custos;
    2. LCL – em muito casos fica acima do custo de um embarque FCL, mesmo que o importador esteja trazendo apenas um pallet. Isso porque há um valor mínimo de armazenagem que é cobrado pelos armazéns.
  4. Impostos
    1. FCL – por ter um valor maior de frete internacional comparado ao LCL e pelo fato de o frete compor a base de pagamento de impostos, o embarque FCL traz um maior custo com impostos.
    2. LCL – o impacto será menor nos impostos, pois o frete internacional é proporcionalmente menor que o FCL.

Perguntas a se fazer 

  1. Afinal, é possível ou não trazer cargas menores?

A resposta é: SIM

  1. E como consigo saber qual é a quantidade ideal para o meu embarque?

Essa resposta é dada por meio da projeção de custos de importação, tendo atenção especial para a diluição de custos fixos e mínimos na importação.

Nós do Grupo IB trabalhamos com o conceito de lote econômico que é a projeção da quantidade ideal de embarque que traz a melhor relação entre custo final unitário em reais e o valor total investido no embarque.

  1. Se eu tiver um caixa limitado, ainda assim é viável a importação?

A resposta pode ser sim ou não. Tudo vai depender se as projeções de custos vão trazer redução de custo. Em muitos casos, sugerimos o aumento de um pouco da demanda para poder diluir um pouco mais custos fixos e variáveis.

  1. Se a carga for uma máquina, qual é a melhor forma de embarque?

Vai depender do tipo de máquina, principalmente no que se diz respeito ao nível de impacto e movimentação que pode ou não sofrer. Em casos em que a máquina ou equipamento necessita de maior proteção, recomenda-se um embarque FCL ou até mesmo aéreo.

  1. O mesmo prestador de serviço do FCL é o do LCL?

Sim. o frete internacional normalmente é contratado por meio de agente de carga internacional. É ele quem negocia o frete com os donos dos navios. Em alguns casos, tem empresas mais competitivas no FCL e outra no LCL.

Considerações finais

Esperamos que o conteúdo acima tenha ajudado a desmistificar a ideia de que a importação só é viável para quantidades grandes. Tudo vai depender do que sua empresa tem negociado no mercado interno e o que a importação poderá trazer de redução.

Vale a pena explorar essas oportunidades por meio de uma Análise de Viabilidade de Importação, que entre vários pontos, traz os cenários de custo de importação e a indicação do lote econômico do embarque.

Nunca deixe de explorar as oportunidades, fazer cenários diferentes de custo de importação e de buscar opções logísticas na origem e no destino que venham a viabilizar seus negócios com o mercado externo.

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