Como Exportar para o Brasil

Primeiramente é importante destacarmos o motivo de escrevermos esse material. Por anos temos apoiado empresas brasileiras que querem importar e exportar e por vezes tivemos a oportunidade de acompanhar feiras e rodadas de negócios internacionais que terminaram com pouco ou nenhum resultado comercial positivo.

Alguns dos principais motivos para isso são:

• As empresas brasileiras não conhecem a importação e não sabem negociar com empresas estrangeiras;
• O empresário brasileiro (na sua grande maioria) tem dificuldade com o idioma;
• As empresas estrangeiras desconhecem as normas de envio de seus produtos para o Brasil;
• Os produtos não estão adequados para o mercado brasileiro;
• Não há planejamento de ambos os lados, exportador e importador.

Fora isso, poderíamos dizer que o mercado importador brasileiro é burocrático, com muitos impostos, com um custo Brasil alto entre muitos outros fatores negativos.

Mas não queremos dar o foco na parte ruim, onde a maioria das empresas prefere ficar. Focaremos nas oportunidades e soluções, mas principalmente em dicas rápidas e assertivas para que bons negócios sejam fechados entre empresas brasileiras e estrangeiras.

Nesse post trataremos sobre os seguintes pontos:

• O que saber antes de exportar para o Brasil;
• Quais são os impostos incidentes na importação brasileira?
• Quais são os custos de exportação para o Brasil?
• Como enviar amostras para o Brasil;
• Como encontrar potenciais clientes no Brasil;
• As melhores práticas de negociação.

O que saber antes de exportar para o Brasil

Essa é provavelmente a dica mais valiosa de todo e qualquer material sobre como exportar para o Brasil que você possa encontrar.

O Brasil ainda é um país muito fechado para a importação e isso é traduzido em diversas normas e procedimentos que devem ser seguidas tanto pelo exportador quanto pelo importador.

De forma simples e prática, destacamos abaixo o que toda empresa estrangeira deveria saber antes de exportar para o Brasil:

• Tratamento administrativo – é a indicação das normas que o produto deve seguir para entrar no Brasil. Alguns dos principais tratamentos administrativos são:
  • Licença de importação antes e após o embarque;
  • Quotas de importação;
  • Dumping.
• Registro do produto – necessidade de registro prévio do produto em órgãos como: Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Agricultura e Instituto Nacional (Mapa) e Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro);
• Registro do exportador – necessidade de registro do estabelecimento exportador;
• Solicitação de licenças especiais
  • Importação de máquinas usadas;
  • Importação de produtos sem produção nacional;
  • Regimes Aduaneiros Especiais, tais como:
    • Admissão Temporária;
    • Entreposto Aduaneiro;
    • Depósito Alfandegado Certificado.

As situações acima normalmente seguem os seguintes passos:

1. O exportador envia informações do produto e da operação para o importador brasileiro;
2. O importador brasileiro faz a solicitação para os órgãos governamentais por meio do Siscomex – portal do Governo Federal brasileiro que dá acesso a um sistema de registros utilizado exclusivamente para operações de comércio exterior;
3. O Governo brasileiro autoriza, nega ou solicita informações adicionais;
4. Em caso de deferimento, o importador envia informações ao exportador dando o aval para início do processo de exportação.

É natural também que tanto o importador quanto o exportador tenham que visualizar questões essenciais para fechamento do negócio como:

• Custo da operação;
• Prazo da operação;
• Garantias;
• Incoterm – principalmente com relação a custos e responsabilidade de cada parte;
• Embalagem comercial e de transporte;
• Serviço de pós-venda.

Quais são os impostos incidentes na importação brasileira?

Como praxe, na importação brasileira há a incidência de 5 impostos, sendo eles:

• II;
• IPI;
• PIS;
• COFINS;
• ICMS.

Quando os impostos podem ser pagos?

Os impostos podem ser pagos somente depois da chegada das mercadorias no armazém de despacho, tendo presença de carga no sistema, ou seja, a confirmação por parte do fiel do armazém que as mercadorias estão disponíveis para liberação.

Quais são as alíquotas de cada produto?

As alíquotas irão variar para cada produto. Como regra, quanto mais supérfluo for um produto, mais alto serão os impostos como II, IPI e ICMS.

O limite do imposto de importação, o II, no Brasil é de 35%.

Para consulta das alíquotas dos impostos, o governo brasileiro disponibiliza o site abaixo.

http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/

Importante: não há a indicação do ICMS, pois é um imposto estadual (cada estado brasileiro tem uma alíquota diferente).

Abaixo colocamos um exemplo.

Quais são os custos de exportação para o Brasil?

Os custos que normalmente são encontrados em uma importação brasileira são:

• Impostos: II, IPI, PIS, COFINS e ICMS;
• Taxa Siscomex;
• Marinha Mercante (Adicional ao Frete para Renovação Marinha Mercante do Brasil – AFRMM);
• Frete Internacional;
• Seguro Internacional;
• Capatazias (taxas do frete internacional);
• Taxas na origem – coleta, transporte interno, liberação na aduana e outras taxas (quando Incoterm EXW);
• Taxas do frete internacional (emissão de BL, desconsolidação, handling, fees e outros);
• Armazenagem;
• Taxas bancárias;
• Despacho Aduaneiro;
• SDA – Sindicato despachante aduaneiro;
• Taxa de expediente;
• Transporte rodoviário;
• Impostos da prestação de serviço do despachante;
• Taxa do MAPA – madeira;
• Suframa e outras taxas;
• Licença de Importação;
• Outras despesas – motoboy, despesa bancária, impressão de documentos e outros.

Os custos vão variar de acordo com cada modal. O importante é que o exportador antes de enviar suas mercadorias ao Brasil contate umaempresa de consultoria, agente de carga ou despachante que possam simular cenários de custo de importação para visualização antecipada desses valores e tomada de decisões.

Como enviar amostras para o Brasil

Essa é uma das questões mais importantes de qualquer prospecção. Tirando aqueles produtos que não são passíveis do envio de amostras, como máquinas e equipamentos, é sempre recomendado que o exportador incentive que o importador traga amostras para validação.

Formas de envio de amostras

As amostras podem ser enviadas das diversas formas possíveis, como aéreo expresso, aéreo agente de carga, marítimo ou rodoviário. A decisão sobre a melhor forma está diretamente ligada ao prazo, custo e facilidade do processo.

Normalmente as amostras menores são enviadas por meio de empresas de transporte expresso como UPS, Fedex e UPS que funcionam muito bem no Brasil. A única exceção fica para as localizações mais afastadas dos grandes centros que podem ter uma entrega final dificultada.

Os custos de envio e com impostos são acordados livremente entre o exportador e importador.

Impostos incidentes nas amostras

Os impostos incidentes no envio de amostras no caso de remessas expressas (Courier) são:

II: 60%

ICMS: Alíquota do estado de localização do importador

Como exemplo podemos pegar uma empresa situada no Estado de São Paulo. No caso de envio de uma amostra de valor de mercadoria de US$ 800,00 e mais US$ 200,00 de frete, temos a seguinte incidência de impostos:

Base de pagamento do II = Valor das mercadorias + frete internacional

(US$ 800,00 + US$ 200,00) * 60%

Imposto de Importação (II) = US$ 600,00

Base 1 de pagamento do ICMS = Valor das mercadorias + frete internacional + II)/(100-alíquota do ICMS)

(US$ 800,00 + US$ 200,00 + US$ 600,00)/(100-18) = US$ 1.951,22

Valor do ICMS = Valor Base 1 x alíquota do ICMS = US$ 1951,22 * 18% = US$ 351,22

Portanto, o custo total do envio das mercadorias será:

Mercadoria: US$ 800,00

Frete internacional: US$ 200,00

II: US$ 600,00

ICMS: US$ 351,22

Total: US$ 1.951,22

Ou seja, há uma adição de 95,22% de custos sobre o valor das mercadorias e frete internacional.

Observação: no frete internacional já está incluso o custo do frete de coleta rodoviário na origem e o de entrega no destino. Além dos valores acima, a empresa courier também cobra um valor mínimo para liberação na Receita Federal que gira em torno de R$ 50,00 (cinquenta reais).

Limites

Os limites para envio de remessas courier normalmente está ligado ao peso e volume além do valor de mercadoria mais frete internacional de US$ 3.000,00 (por envio).

Como negociar com empresa no exterior?

A negociação da importação envolve vários aspectos e os principais deles são:

• Encontrar potenciais fornecedores que tenham interesse pela demanda do seu produto, ou seja, que a sua demanda tenha um efeito positivo na negociação;
• Não pedir preço em um primeiro momento, mas antes mapear o potencial fornecedor em termos de:
  
  • Experiência de exportação;
  • Experiência de exportação para o Brasil;
  • Conhecimento técnico do produto;
  • Política de qualidade;
  • Certificados de qualidade;
  • Outros.
• Quando possível, enviar amostra do produto atual para calibragem da qualidade. Com isso, é possível ser mais assertivo na questão técnica dos produtos;
• Questionar sobre quantidade mínima de compra, ou MOQ (Minimum Order Quantity);
• Perguntar qual seria a demanda necessária para o melhor preço que podem oferecer;
• Calibrar o MOQ e a demanda para melhor valor com a demanda atual da empresa;
• Receber amostra para verificação da qualidade;
• Negociar preço para o projeto de importação. Olhar para o cenário de curto, médio e longo prazo.

Como encontrar potenciais clientes no Brasil

A busca de potenciais importadores no Brasil não é tão simples, pois o Governo Brasileiro faz questão de manter essas informações sob sigilo. Antigamente havia listas de importadores e exportadores disponibilizadas pelo Governo, mas que caíram pela questão de sigilo fiscal.

Por outro lado, podemos utilizar algumas outras ferramentas simples que podem nos levar a potenciais clientes, podendo ser eles importadores ou não.

Algumas dessas ferramentas são:

• Site de associações de classes como Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos;
• Lista de importadores e exportadores do MDIC até 2021 – entre em contato que enviamos para você;
• Governos estrangeiros no Brasil – Embaixadas, Consulados, Câmaras de Comércio;
• Feiras internacionais no Brasil – expositores brasileiros.

As melhores práticas de negociação

Ofereça exportação FOB

No Brasil os importadores dão preferência para operações FOB com a mercadoria já colocada dentro do navio ou FCA com a mercadoria colocada no aeroporto.

A operação FOB facilita em dois aspectos:

1. O importador brasileiro não precisa se preocupar com os custos na origem
2. A armazenagem no Brasil estará mais sobre controle pois como o frete é contratado pelo importador, esse tem acesso ao armazém de chegada das mercadorias para melhor gestão e negociação de valores.

Ofereça informações completas para simulação de custo de importação 

Nada é pior em uma negociação de compra e venda internacional do que a falta de informação para visualização prévia do custo total de importação.

Nesse sentido, sempre envie previamente as seguintes informações:

• Valor unitário (dê preferência FOB/FCA);
• Classificação fiscal;
• Peso líquido e bruto;
• Quantidade e medidas das caixas;
• Fotos do produto, inclusive na caixa de transporte.

Ofereça flexibilidade no pagamento 

Sabemos que as primeiras operações de compra e venda internacional tendem a ser com pagamento antecipado, levando todo o risco para o importador. Entretanto, há no mercado opções que são bem-vistas por empresas brasileiras tais como:

• Seguro de crédito à Exportação;
• Carta de Crédito a Prazo.

Ajude o cliente a compor o pedido 

Ajude o Importador a compor o pedido de importação no sentido de conseguir diluir custos mínimos e fixos na importação e assim tornar a operação mais viável.

De referências comerciais 

Caso ainda não tenha vendido ao Brasil, dê referências comerciais de clientes em outros países. Incentive com que eles se falem para comprovar a validade das informações da sua empresa e produtos que estão sendo negociados.

Utilize informações governamentais do seu país como relatórios financeiros ou de análise de risco.

Mencione que está aberto a visita de empresa de verificação como SGS e Bureau Veritas 

Enfim, fraca o possível para que o empresário brasileiro esteja a vontade na negociação.

Envie amostras 

O brasileiro gosta de tocar e ver o produto ao vivo. Sempre que possível, envie amostras para homologação.

Negocie a questão do valor do produto, frete e impostos.

Aqui no Brasil normalmente o custo com impostos e taxas com amostras é quase o valor da mercadoria e frete juntos. 

Trabalhe uma solução em conjunto com o importador para superar esse custo (ou melhor dizendo investimento) com amostras.